Bem sei que certos dados históricos só devem ser
analisados passados 50 anos, e o certo é que ainda não passaram 50
anos sobre o 25 de Abril. Porém, era conveniente olhar para a
história e tentar pelo menos não cometer alguns dos erros que
entram pelos olhos dentro da população.
Os grandes obreiros do 25 de Abril de 1974 foram os
militares, que de certa forma, certa ou errada, aquilo que vivi, pois
é desse ponto de vista, é que o pessoal estava a começar a ficar
farto de comissões no ultramar, se bem que essas mesmas comissões
dessem algum rendimento para o oficial poder constituir família e
comprar uma casa, coisa que a maior parte da população ainda não
se podia dar a esse luxo. Porém, e em todas as histórias existe um
porém, a maior parte da população do continente vivia mal, com
ordenados baixos sendo muitas vezes levados a viver nos subúrbios da
cidade, onde as rendas das casas eram ligeiramente mais baixos, dando
de certa forma margem para poder adquirir os bilhetes de transporte.
À época, ainda estudante, observava-se o «medo»,
medo de não conseguir arranjar trabalho, pois que o mercado de
trabalho estava mal, a existência de casa para alugar era já uma
realidade, tanto que apareceu o J. Pimenta com o seu empreendimento
imobiliário.
Com o êxodo das colónias, a população do
continente disparou subitamente, famílias inteiras foram deslocadas,
e o mercado habitacional tornou-se uma forma rápida de fazer
dinheiro, com uma situação nova, o «trespasse da chave», pedia-se
50,000$00 pela chave da casa, enquanto que a renda podia ser de
5,000$00 ou 10.000$00 por mês,
O súbito aumento da
população levou a que como é lógico, que todos os que eram
funcionários da função pública tivessem que ser integrados
forçosamente, daí que tenha existido uma explosão de lugares de
quadro na Função Pública. Às tantas, existiam bastante mais
funcionários públicos do que era necessário, Além disso, e tendo
em consideração que a situação vivida por muitas destas pessoas
ter vivido em zonas de guerra e nos trópicos. Porém, os nossos
políticos não olharam na altura a esse incremento súbito de
população, e esqueceram-se de prevenir o futuro. As previsões
sempre foram de muita curta duração, faz-se assim e «depois logo
se vê». Quando o actual Presidente da Republica foi primeiro
ministro, olhou para os mapas de pessoal e o que viu, um número
muito significativo de funcionários muito perto dos 55 anos, e que
talvez se pudessem aposentar imediatamente, podendo pagar as quotas
que faltavam à CGA. Houve bastantes funcionários que aproveitaram
essa benesse, outros que aguentaram mais um ou dois anos até chegar
aos 60 e pediram a aposentação, e houve ainda outros que devido a
doenças prolongadas nunca chegaram à aposentação. Ainda de acordo
com um despacho do primeiro ministro na altura, só poderia entrar um
funcionário se dois saíssem. Ora, se isto foi uma solução na
altura, também não olhar para o futuro. O Funcionário Público não
é aquele gajo que não faz nada. Até faz e se calhar faz mais do
que pensam. Se o cidadão comum vai a uma repartição e não o
atendem, reclama que demorou muito tempo a atender, porém, se olhar
para o número de secretárias vazias, talvez possa começar a fazer
uma ideia, do que é não ser atendido por falta de pessoal. Pois, se
se reduz pessoal os diversos serviços deixam de funcionar, já que
não é só ter computadores e internet e intranet que se conseguem
resolver os problemas.
O fazer de conta que a
história não existe, é como atirar uma pedra para cima da nossa
cabeça e esperar que por sorte ela caia ao lado. Quase de certeza
que se não nos mexermos ela nos acerta em cheio na cabeça.
Neste vaivéns da
política, e da política saí 2 entra 1 é lógico que irá existir
défice, défice em várias áreas. Não existem verbas para o
subsídio de nascimento, para o pessoal da função pública que tem
ordenados acima dos 700,00 €, não faz mal, corta-se e não se
repõe. Porém, este cortar aqui e cortar ali, leva os casais a
retraírem-se de ter filhos, pois que um filho, quer com ajuda do
estado quer sem ela custa a educar e a criar.
Nas classes mais baixas a
proliferação dos filhos existem, e nalguns casos em plena
adolescência. A natalidade tem sobe e desce ao longo dos anos e das
décadas, em décadas mais «ricas», é lógico que as famílias
irão ter mais filhos, pois que os podem efectivamente ter. Por outro
lado, quando o Estado aperta com todo o contribuinte, chupando-o tudo
aquilo que ele tem disponível então não fica espaço para se poder
educar uma criança.
Será que o governo
espera que todo o mundo fique estático e parado à espera de um
provável milagre económico. Vejamos, o buraco existente hoje foi
provocado por quem. Vem do tempo de X, vem do tempo Y, e daqui a
pouco terá certamente sido D. Afonso Henriques, que resolveu
rebelar-se contra a mãe, e assumir o Condado.
Vejamos o buraco foi
provado por um banco, o qual o estado já vendeu, porém ficou com o
produto tóxico, o qual é impossível parar, se não forem à raiz
do problema, mas isso é outro problema, ninguém consegue perceber o
sorvedoro que esse banco é. O buraco, dizem que contínua, este
governo fala de 4 milhões, mas antes de ser governo já falava dos 4
milhões. Ora não foi a função pública que ficou com as carreiras
congeladas há muito tempo. Que viu o seu vencimento ser reduzido em
3,5% o equivalente a cerca de 150,00 €, que já leva corte e mais
corte, que vê um vencimento cada vez mais reduzido, olhando para o
futuro sem quaisquer perspectivas.
Na realidade, na Função
Pública trabalham pessoas que já tem por detrás uma carreira com
desconstos, os quais nem sequer podem ser faladas, para adita
aposentação aos 65 anos. Então se um sujeito qualquer tiver
começado a trabalhar no privado, feito descontos para o privado
durante esses dez anos, e depois entra na função pública, e ao fim
de 28 anos a trabalhar para o estado, vem lhe dizer, «é pá, tem
paciência, mas aquilo que descontaste para o sítio tal, não vale
nada, só vais ter isto, menos X/, porque nós estoirámos o dinheiro
que descontaste a fazer PPP's, a pagar Rendas a esta empresa, e a
pagar os juros dos empréstimos que fizemos para as auto-estradas
necessárias para as acessibilidades, pois que o Campeonato da
Europa de Futebol não se faz sem auto-estradas.
Esta é a história de
uma história, e é a visão de um cidadão comum, que já se arrepia
do que irá ouvir a seguir. Já que o seu olhar pode ver numa rua bem
movimentada de Tavira, que algumas lojas tinham desaparecido. A loja
de Fotografia e reportagens de casamentos e baptizados fechou as
portas e transformou-se em venda de imóveis. O Supermercado da Fruta
na mesma rua está para obras, resta saber que tipo de loja irá
existir. A loja da esquina que dá para o largo, está para
«Aluga-se», a Livraria desapareceu, e mais uma série delas estão
às moscas.
No meio disto,
pergunto-me, para quê sacrificar os portugueses, quando as lojas
fecham, porque não tem clientes, e os clientes não vão porque
estão a ser completamente espoliados daquilo que ganham.
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