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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Do conceito de padrinhos

     Por vezes os nossos filhos adultos cometem erros crassos sem perceber muito bem o que se encontra em questão.

    Trata-se da minha própria pessoa, cujo pai biológico apareceu ao fim de 40 anos, pensando que como tinha uma licenciatura poderia eventualmente  solicitar alguma coisa mais, apesar de nunca ter na vida contribuído com o quer que fosse.

    Na realidade fui educado pelos meus padrinhos tanto do Registo Civil como no de Baptismo, o qual a  minha filha parece que se esqueceu. Aos meus padrinhos chamava de pai e mãe, pois que foram eles que me cuidaram e educaram a partir dos 6 meses de idade. Aos outros dois, eram uma espécie de padrinhos quase irmãos, porque eram bem mais novos.

    Logicamente quando me casei e nasceu a nossa filha, deixei-a que ela chamasse de avós aos meus padrinhos. Só que agora com 47 anos vem tentar advogar que eu só conheci o meu pai aos 40 anos, nunca lhe tendo chamado pai, porque efectivamente ele nunca na vida cumpriu essa função. 

    Lição nº 1, o Código Civil de 1950 diz «O conceito de padrinhos no Código Civil de 1950, no contexto português, refere-se à relação de apadrinhamento civil, que estabelece laços entre uma criança ou jovem e uma pessoa ou família que assume responsabilidades parentais, embora a filiação biológica permaneça. Esta relação cria obrigações e direitos entre padrinhos e afilhados, incluindo a obrigação de prestar alimentos, sendo que os padrinhos são considerados ascendentes em 1º grau do afilhado para este efeito, mas precedidos pelos pais.»

 

Lição nº 2 - Antes de se dizer algumas coisas, convém pensar realmente se é exactamente aquilo que queremos dizer, pois que aquilo que nos parece ser uma realidade, afinal não o é. O Apelido dele apesar de figurar no Cartão de Cidadão, e apesar  de encontrar registado no último Certificado de Habilitações do ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada, nunca em tempo algum apareceu ou foi usado pela minha pessoa, sempre tendo usado os apelidos maternos.

Lição nº 3 - Quando me perguntavam quem era o meu pai, a resposta era sempre a mesma, os meus padrinhos fazem a figura dos meus pais. Vergonha nunca a senti, e não é pelo facto de a minha filha vir dizer que só conheci o meu ao fim de 40 anos que me vai envergonhar. Sei qual o apelido dele,  e ela também o sabe, pois que já viu as certidões com o nome dele, mas não viu nem verá usá-lo. Por isso, estar a tentar culpabilizar-me por ter ido até à Serra da Estrela para obter dois apelidos e para ficar a saber que o meu avô era agricultor e que faleceu com 72 anos e que a minha avó faleceu de tuberculose com 42 anos, penso que chega para não querer saber nada deles.

 Digamos que a precipitação e a falta de análise de alguns dados nos levam a cometer erros grosseiros, sem sequer estarmos a pensar qual é a história existente por detrás.