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segunda-feira, 21 de julho de 2025

De 15 de Março até hoje 21 Julho já passou algum tempo

 Já passou algum o tempo que a Ana faleceu, mas que os outros problemas que ela me tinha avisado que iriam suceder, começaram a suceder.  A zanga com a minha filha não parece ter fim, principalmente porque ela se acha no direito de levar aquilo que muito bem lhe apetece sem dar cavaco. Só que se esquece que certas coisas não são sua pertença, existem outras que não directamente envolvidas, gostariam de alguma forma de ter cópias, e não dadas ou oferecidas por uma «jovem» que resolveu abandonar a casa dos pais aos 22 anos, porque estes sempre se recusaram em se divorciar, já que o grande exemplo dos anos 80 era que todo o pessoal se divorciava NÃO UMA, NEM DUAS, MAS UMAS Três ou quatro, que eram capazes de arranjar companheiros aqui e ali e continuaram uma espécie de vida.

Como eu e a Ana sempre tivemos anos maus inicialmente, ela achou que aquilo que se deveria fazer era cada um para seu lado, achando que tudo o que se encontra cá em casa é dela.

Esquece-se que um casamento que dura 47/48 anos, não dura por acaso, existe para além disso conversas que são mantidas ao longo do tempo, blocos com listras de compras, misturadas com pensamentos e frases retiradas textualmente de livros, frases ditas na televisão, mas todos os blocos tem algo que passou sempre despercebido à nossa filha a data do ano em que esse bloco foi escrito. Na realidade pouco importa o que ela pensa daquilo que a minha mulher Ana leu e escreveu sobre determinada personagem de um livro policial ou de um livro de ficção científica, pouco importa se o pensamento que ela o escreveu mo terá dito em voz alta, tendo dito em seguida que aquele pensamento tinha sido mesmo algo que tinha pensado, mas que de forma nenhuma era para ser considerado, pois que graças a isso temos uma casa nossa, da qual ninguém nos pode tirar «lembra-te bem», nada de aceitares em ir para lar nenhum. Ah outra coisa, muito que digam que nós estávamos bem num lar, nunca te esqueças que tens dinheiro suficiente para pagar à Misericórdia para virem tratar de mim, se ficar durante muito tempo acamada. E uma outra coisa, queria fazer o Atestado Vital, mas vais fixar aquilo que vou dizer, quero morrer em casa, quero ser cremada, e não quero a nossa filha no funeral (talvez esta última vontade) não a possa ter cumprido, devido a imposições legais, pois que se a filha existe tem que estar nalgum lugar, tem um número de contribuinte e tem que ter uma morada. 

A oferta da nossa filha e do «marido» de ajudarem, ao que questionei desde logo, ajudarem em quê, quando o Hospital estava pago, apesar de ter feito empréstimo à CGD, só para as contas não ficarem a cair no LDN, pois que poderia ter pago o Hospital todo de uma vez, o pagamento do funeral poderia ter feito o mesmo, porém e dado os valores fui aconselhado a fazer um empréstimo de metade do valor a pagar X por mês, o que feitas as contas. A minha pensão para mim e para o Fininho chega. 

As neuras que toda a atitude da Aninhas tem para cominho revolta-me, não a possa tratar por filhinha, nem por minha filha, só a posso tratar por Ana e não por Aninhas, além do que usa a torto e a direito o Você.

Já a tinha avisado que queria as fotografias tuas que estavam num envelope e que as levou sem sequer pedir autorização, e que só às tantas da noite, pelo telefone me disse que tinha levado o envelope, mas que não reconhecia ninguém que lá estavam, mas que tinham caganitas de rato e que ela tinha que as limpar.

Ja lhe disse que ou faz scanners das fotos,e mas envia, ou trá-las mesmo assim cá para casa, pois que hei-de arranjar forma de as tratar.  Eles levaram os rolos que estavam para revelar, não tendo ainda dado cavaco sobre o assunto, aliás, eu nem sequer sei se os rolos passados tantos anos podem ou não ser revelados. Mas uma coisa, vai ser certa a menina Ana e o seu amigo Paulo não entrarão cá mais em casa, pois que caso contrário, vou ter que chamar testemunhas e a gnr, porque comecem a por as coisas ao modo deles, quando o modo que nós tinhamos as coisas colocadas era o nosso modo prático de funcionar. Para mim a forma como funcionam não dá. 

Não é que ela achou bem deitar caixas e caixas de recortes, sabendo eu que alguns foram feitos por ti, outros por mim, e que se eles foram feitos foi por alguma razão ou por alguma situação mais específica.

É certo que houve coisas que consegui mudar de sítio e ela não tocou, mas outras não consegui.

Gostaria muito de saber o que têm  as três caixas de plástico do quarto dela que guardaste na casota grande, mas ontem teve a lata de me escrever na rede do «Whartsup» que posso fazer o que muito bem quiser delas.

 

Nós já tínhamos falado de dar a Republica para a Misericórdia, devido à própria estatutária em si, só que uma das coisas que fui ouvindo dela e do «marido», é que havia muita coisa que se podia vender para fazer dinheiro para fazer arranjos. Eu já lhes perguntei que arranjos, pois que não vai haver arranjos nenhuns, a não ser modificar a banheira, para se poder tomar duche ou banho à vontade, talvez uma banheira semi-circular de canto seja o ideal, mas o Sr,  Jorge ficou de ver os preços em Espanha.

Eu já a avisei, que depois de eu morrer  ela pode fazer muito bem o que entender, mas que antes disso não conte em fazer mais nada, nem altear muros, nem plaanr terreno, nem fazer muito mais do que plantar umas quantas flores para o jardim poder talvez ficar mais bonito, se bem que na prática e devido à falta de oxigénio, eu possa pouco gozar do jardim.

É que a máquina em casa está quase sempre a 4 litros o minuto, para poder ter algum oxigénio. a tiroide parece-me estar novamente a apertar a garganta, cada vez me apetece comer menos. Sabes tenho receio de não conseguir aguentar muito tempo esta guerra que ela está a fazer, porque isto é um autêntica guerra, principalmente com o ar doutoral com que diz as coisas, que o passado não interessa, e então o que raio andou ela a fazer durante 27 anos, para além de comprar uma casa em Olhão. De conhecer o primo Helder Azevedo, porque este vai fazer exames à Clínica onde ela trabalha. De o filho da prima Laura saber que ela ganhou um prémio de fotografia quando foi de uma campanha da gripe, porque alguém a espirrar para um lenço.

Ontem, não se se arrependeu daquilo que escreveu, mas apagou as mensagens todas que enviou, algumas delas bastante ofensivas, pois que numa delas chamava-te alcoolica. Aí realmente aborreci-me a sério, pois que quem bebia pela garrafa era o Evangelino, a Elvira e a Ermelinda. e foi aí que ela começou realmene a apagar as mensagens. Não sei se por vontade dela, se por vontade do «marido», isto porque nos documentos oficiais ela continua como solteira.

 Eu sei que não estás aqui nesta dimensão, e que o teu espírito que se encontra noutra dimensão bastante mais agradável,e a tentar perceber porque é que terás ficado comigo, e que me fazes rebentar sempre de lágrimas por teres ido à frente, talvez não leia o que escrevi, provavelmente nem terás tempo para isso. Mas se tiveres algum tempo, olha mete algum juízo na cabeça daquela cabeça desvairada, porque sinceramente, eu não tenho mais paciência para os aturar.

Na verdade, prefiro ir vivendo lentamente, ir a passo de caracol fazer as compras ao Corvo, ver aquilo que tem, pois que está-me a custar cada vez mais a a andar e a médica quer à viva força que faça a prova de marcha, quando no Centro de Saúde reparam que eu chego lá mesmo com máquina com o Oxigénio a 74 quando não é menos.

Mais uma vez desculpa de ser tão longo. 


Não mexam na Biblioteca

A minha biblioteca que aparentemente está desarrumada para alguns, para o próprio não está. Isto leva não a perder imenso tempo a repor as coisas como elas estavam, sem qualquer necessidade. Ter livros sobre Terapia Sexual ao pé de outros livros sobre sexualidade, não tem nada que ver uma coisa com a outra. Essas e outras do género fazem-me completamente tirar do sério. e como é lógico reclamar. Se tenho meia dúzia de montes cada um no seu sítio, é porque sei exactamente onde aquilo que quero e que pretendo esteja à mão. Engavetar tudo, para esconder do olhar de terceiros certas coisas só me faz ficar iurso, e quase chamar uma carrada de nomes a alguém que colocou uma bicha de cortinado numa segunda gaveta da secretária, como se a secretária fosse o lugar indicado para tal, quando por sinal eixs te ceste vime para por essas tralhas. São estes pequenos defeitos que nos desgastam, nos azedam, e nos colocam num estado tal de irritação, que muitas vezes nos perguntam es estamos mal dispostos. Aí de certezinha que estamos.....


 

sábado, 10 de maio de 2025

Évora - Fotos tiradas pela minha mulher

Évora - 6/3/1977 - A esta foto a minha mulher dizia que parecia uma aguarela.
 
6-3-1977
Descrição dada pela minha mulher - Uma janela dos Lóios (c/teleobjectiva).
 

Descrição dada pela minha mulher Catedral (teleobjectiva) 6-3-1977

 6-3-1977
Descrição dada pela minha mulher - Catedral vista  das «Ruas» (c/teleobjectiva).
 

 

Fotos tiradas pela minha mulher

 

21 de Setembro de 1980 - Praceta Gil Vicente, quando se realizou a 3ª feira do Livro em Almada.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Despedida

 

Querida Any


Peço-te desculpa por me terem dado a volta no dia 8 de Abril de 2025, pois que era para teres saído do hospital nesse dia. Deram-nos mesmo a volta com a conversa que era preciso mais exames, quando o meu inconsciente dizia que não.


O que se passou no Hospital privado não deveria ter acontecido. E eu deveria ter percebido mais depressa e mais cedo a situação anafilática que estavas a sentir, a qual se deveu a um medicamento dado para as dores ao qual tinhas alergia.


Havia tanta coisa para dizer e para falar,

Bem sei que íamos falando sobre elas,

Sobre o que fazer caso um de nós parte primeiro,

Como é que possível sentir-me perdido.


Como é possível realizarem exames desnecessários, quando se diz aos médicos, desculpe mas não temos nada disso, com que cara ficarão, depois de nos cobrarem valores incomensuráveis, para depois verificarem que todas as análises que eles apostavam deram negativo.


Sim, picadela para aqui, picadela para aí, a transfusão a entrar e a temperatura a subir, mesmo que os tenha avisado que tal não deveria suceder, porque aquela não era de forma nenhuma a temperatura normal.


A tentativa no dia 11/04/25 de tentarem que ficasses ainda mais tempo, tendo-lhe que lhes dizer, já tem aí a declaração e já ontem solicitei uma folha A4 para a fazer, a qual não me foi dada. Na verdade, se o sistema público funciona mal, o sistema privado baseado no pagamento antecipado, deveria de alguma forma ser revisto.


É estranho sentir-me culpado de não ter percebido que era tudo devido a um medicamento que te fez alergia, mas a enfermeira que te levou ao RX reparou e disse, só que ela própria não sabia ou não queria dizer que medicamento te tinham dado.


Peço desculpa, por não te ter conseguido socorrer mais, mas chamei o INEM o qual apareceram em menos de 5 minutos, e começaram as tentativas de reanimação em casa, tendo continuado na ambulância e no Centro de Saúde.


A sensação estranha que durou toda a madrugada, que tu tinhas desaparecido, e que como despedida olhaste para mim e só muito tarde largaste as minhas mãos. O pânico de saberes que ias novamente para o Hospital.


Minha querida Any, o médico que me deu a notícia, disse aquilo que eu não queria ouvir, «A sua esposa faleceu», sabe de que é que ela sofria ou quer que seja feita autópsia? Não o teu corpo não iria ser retalhado, nem medido nem pesado, pois que todos os exames mostravam que o que tinhas era uma anemia, e que essa anemia era de alguma forma hereditária, e que apesar de poder existir algumas perdas sanguíneas por aqui e por ali, não tinha nada que ver com aquilo que eles estavam a tentar diagnosticar. Tinha sido mesmo uma questão de ter perguntado quantas pessoas da tua família tinham anemia.


Minha querida Any, iremos nos encontrar um dia, não sei onde, nem como, nem quando.


Minha querida estejas onde estiveres, estarás sempre presente no meu pensamento, além do que estou sempre a interrogar-me sobre «como é que a Any faria isto ou aquilo.


Um grande beijinho de SAUDADE.

sábado, 19 de abril de 2025

Luto por falecimento da companheira

 Digam o que disserem, o Luto pela morte da nossa companheira de vida, é uma situação quase inultrapassável. Ficamos marcados, podemos ir vivendo, mas é algo que se agarra à nossa pele e não nos larga.

Por muitos estudos que tenham sido feitos sobre o Luto e as suas diversas fases, a realidade é por vezes bem outra. O facto de sabermos as fases do luto, não significa porém, que este esteja ou fique alguma vez resolvido.

O CHOQUE de sentir alguém que amamos que se esvai nos nossos braços, sem conseguirmos ajudá-la, mesmo que o nosso inconsciente nos diga, é impossível ajudá-la, «chama mas é o 112». E quando este chega, verificam a ultra-urgência da situação, pois que o coração está a parar, as suas funções vitais estão cada vez mais débeis.

A NEGAÇÃO existe, negamos o inevitável, e «queriamos» que tal não tivesse acontecido, e continuamos a negar, achando que poderíamos ter feito mais alguma coisa, e que nos passou ao lado os diversos sinais que estavam lá, mas não quisemos ver.

A RAIVA esta vira-se contra nós próprios, sabemos que a nossa companheira deveria ter ido ao médico, e foi ao médico, porém se o nosso médico ouvia e tentava suavizar as coisas, os «ultra especialistas» parece que não querem perceber, esquecem-se da anamnese, fazem-se esquecidos de falar com os familiares e essencialmente de os ouvir.

É complicado quando a nossa mulher nos diz, olha quando estiver a «morrer faz-me o favor de pedir para me darem morfina», pois que quero partir em paz, e não quero estar a sofrer horas e dias a fio, nem sequer quero estar ligada a uma máquina.

A NEGOCIAÇÃO sempre me perguntei sobre os estadios de desenvolvimento se as coisas seriam exactamente como são descritas nos livros. Com quem vamos negociar o falecimento de alguém que nos é querido? Negociar o quê e com quem? É complicado, não sei mesmo se algum dia irei sair da fase da RAIVA. O choro aparece subitamente, qualquer pequena coisa nos traz lembranças e recordações, e mesmo que façamos desaparecer objectos, roupas e tudo o mais, tudo, mas tudo fica connosco quer queiramos quer não. 

A DEPRESSÃO  neste aspecto tenho uma opinião um pouco diferente. A depressão existe logo a partir do primeiro momento do luto, podemos é não mostrá-la nem senti-la, mas ela existe, e sentimos a perda como perda. A depressão é algo que tem que ser vivenciada, podemos arejar, podemos sair, mas aquele fundo, a sensação de perda está lá, e uma coisa é garantida, não à pastilha, nem qualquer medicamento que consiga resolver a depressão por luto. Pois que vamos ter que continuar a lutar diariamente para conseguir ir vivendo.

A ACEITAÇÃO esta fase pode ser mais complicada do que parece, e em certo sentido e por muitas obras escritas sobre este estádio, é complicado de perceber, e pode levar mesmo muitos anos a conseguir aceitar a situação. Uma coisa é certa, não nos conseguimos desligar de um momento para o outro, além do que o desgosto pode quer queira quer não levar-nos a ir atrás da nossa companheira, ou de preferir ficarmos sozinhos do que arranjar outra companhia.

Se querem saber, não consigo passar da fase de Negação e Raiva, e também não sei se algum dia conseguirei passar estas fases. Talvez me encontre numa fase intermédia e não a consiga entender nem agora nem nunca.